TIC e Mundos Virtuais (II)

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TIC e Mundos Virtuais (II)

(post in portuguese because... it's relevant for ICT teachers from Portugal)

 

A reforma curricular antecipou o acesso à disciplina de TIC. A partir deste ano os alunos de 7º  e 8º ano irão frequentar aulas de uma disciplina que foi reformulada. Se anteriormente se esperava uma introdução a softwares de uso comum, agora aposta-se em projectos de trabalho que incidam sobre utilização prática e exloração de temáticas ligadas à era digital. O tempo foi encurtado, sendo uma disciplina semestral. Haverá lugar para os mundos virtuais, VRML/X3D e 3D?

Há uma abertura formal nas metas curriculares para o 8º ano, na referência a exploração de ambientes computacionais que podem incluir simulações. As metas prevêem abordagens flexíveis, por isso talvez seja possível estimular a aprendizagem das TIC com ferramentas 3D e mundos virtuais indo de encontro à exploração de temáticas do mundo digital.

O como fazer é o que vou tentar perceber nos próximos meses, nas aulas que lecciono a alunos de 3º ciclo. A experiência será aqui partilhada, dando pistas para a integração do VRML/X3D nesta nova maneira  formal de abordar as TIC na escola.

 

 

Edited by: PauloNunes on 2015/02/02 - 23:23
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TIC e Mundos Virtuais - Metas

Que base utilizar em termos formais para desenvolvimento de actividades no âmbito do VRML/X3D, mundos virtuais e 3D? O tipo de proposta pode integrar-se em áreas temáticas que vão de encontro a metas como as de ética, segurança na internet ou competências de pesquisa. Mais específicamente, a integração de mundos virtuais pode, em minha opinião, ser justificada no âmbito da meta p8 (de produção, aplicável ao oitavo ano). Esta aponta para a exploração de linguagens de programação através de uma metodologia prática de resolução de problemas. Sugere linguagens específicas (scratch, squeak ou kodu) mas não inviabiliza a que outras - como o VRML, seja utilizadas.

Cito aqui a meta P8, retirada das metas curriculares para TIC:

Exploração de ambientes computacionais

1. Criar um produto original de forma colaborativa e com uma temática definida, com recurso a
ferramentas e ambientes computacionais apropriados à idade e ao estádio de desenvolvimento
cognitivo dos alunos3, instalados localmente ou disponíveis na Internet, que desenvolvam um modo de
pensamento computacional, centrado na descrição e resolução de problemas e na organização lógica
das ideias.
1. Identificar um problema a resolver ou conceber um projeto desenvolvendo perspetivas
interdisciplinares e contribuindo para a aplicação do conhecimento e pensamento computacional
em outras áreas disciplinares (línguas, ciências, história, matemática, etc.);
2. Analisar o problema e decompô-lo em partes;
3. Explorar componentes estruturais de programação (variáveis, estruturas de decisão e de
repetição, ou outros que respondam às necessidades do projeto) disponíveis no ambiente de
programação;
4. Implementar uma sequência lógica de resolução do problema, com base nos fundamentos
associados à lógica da programação e utilizando componentes estruturais da programação;
5. Efetuar a integração de conteúdos (texto, imagem, som e vídeo) com base nos objetivos
estabelecidos no projeto, estimulando a criatividade dos alunos na criação dos produtos (jogos,
animações, histórias interativas, simulações, etc.).
6. Respeitar os direitos de autor e a propriedade intelectual da informação utilizada;
7. Analisar e refletir sobre a solução encontrada e a sua aplicabilidade e se necessário, reformular
a sequência lógica de resolução do problema, de forma colaborativa;
8. Partilhar o produto produzido na Internet.
 
 
3 Por exemplo, Scratch (scratch.mit.edu , kids.sapo.pt/scratch e eduscratch.dgidc.min-edu.pt), Squeak Etoys
(www.squeakland.org e www.squeaklandia.pt) ou Kodu (fuse.microsoft.com/page/kodu e
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TIC e Mundos Virtuais - Motivação

Uma palavrinha sobre motivação: algo que dá aos alunos vontade de experimentar e criar mundos virtuais é visualizar e visitar exemplos. São momentos de factor UAU, que costuma deixar os alunos deliciados. A minha experiência vem de crianças dos dez aos doze anos, mas os primeiros "testes" que fiz com alunos mais velhos indica-me que o factor está presente.

 

(Mas testes ainda pouco alargados. agora a minha prioridade é reequipar uma sala pensada para 20 alunos que, mercê das políticas ministeriais, tem de funcionar com 30. E fazê-lo com o objectivo de dispor de um pc por aluno...)

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TIC e Mundos Virtuais - Arranque

Finalmente a iniciar os alunos no 3D. decidi arrancar com uma actividade não estruturada de exploração livre de várias aplicações em que os alunos são livres de explorar os diferentes programas que irão ser aprofundados. Sem grandes surpresas, foi interessante ver a rápida adesão ao sketchup, doga e cb model. pela complexidade, deixei o vivaty em segundo plano. ao mesmo tempo, foi-se divulgando os mundos virtuais do babel, que deram aos alunos aquele brilhozinho nos olhos que demonstra interesse desperto.

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Iniciação ao VRML

Finalmente a iniciar os alunos no VRML. Como o tempo é escasso optei por abordar em cada aula uma aplicação. Foi feita uma iniciação ao 3D com o Bryce e na aula seguinte iniciação à modelação em DogaL3. É este o momento em que o VRML é introduzido como formato de exportação, um que permite visualizar o objecto modelado de uma forma interessante. Depois de outra experiência - no sketchup, vai-se estimular o acesso a mundos virtuais em VRML (depois de me certificar que todos os pcs da sala TIC têm a versão correcta do bs contact instalado).

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O problema de uma disciplina

O problema de uma disciplina "semestral" (inicia em setembro e termina em fevereiro) com uma aula semanal é a falta de tempo para aprofundar a exploração. Optei pelo ritmo de uma aula - um programa, permitindo explorar uma boa quantidade mas de forma introdutória. Se o conhecimento das ferramentas fica aquém do desejável, tenho notado um progressivo aumento da destreza na modelação 3d pelos alunos.

Bryce foi a escolha para iniciação ao 3D. É de uso simples e mostra resultados de nível médio quase em tempo real. Simplifica a introdução aos conceitos do 3D (espaço, coordenadas, pontos de vista, luz, texturização, rendering). Apesar do curto tempo de exploração alguns resultados surpreenderam.

A modelação 3D coordenando o posicionamento dos objectos em diferentes pontos de vista foi abordada através do DogaL3. Permitiu introduzir as coordenadas XYZ. Notei nos alunos dificuldade em relacionar os objectos no espaço, em particular na sobreposição de pontos de vista que em perspectiva pode induzir em erros. O arranque da actividade foi difícil, pela novidade do interface. Apesar disso, a facilidade do programa permitiu aos alunos um rápido progresso.

A observação intrigante está a decorrer ao longo desta semana. O passo seguinte é a utilização do Sketchup e fiquei espantado com a destreza progressiva da maior parte dos alunos, que após uma breve explicação começam a criar objectos complexos no programa. Ainda não recolhi os ficheiros. A imagem que me fica desta semana é a concentração das turmas e a destreza progressiva no domínio de ferramentas.

A introdução ao VRML foi feita aquando da utilização do DOGA, para demonstrar a exportação de ficheiros em diferentes formatos. Não me pareceu que a generalidade dos alunos tenham compreendido neste primeiro momento, mas alguns já perceberam que é possível integrar modelos de diferentes aplicações. Esse passo é essncial para o Vivaty, penso. 

Para as próximas aulas estou a planear a utilização do Avatar Studio e introdução aos mundos virtuais. Já lhes fui desvendando um pouco, mas ainda não me atirei de cabeça porque preciso de orientar o acesso com cuidado. O aumento desmedido do número de alunos por turma obrigou-me a aumentar a capacidade da sala de informática que é servida por um ponto de acesso wifi. Não é anormal a rede cair por causa dos acessos web nas aulas de tic. Para que isso não aconteca aquando das explorações em mundos virtuais terei de pensar numa forma selectiva em que os alunos acederão por turnos. 

Estou a assumir este primeiro semestre como experimental.

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As experiências de criação em

skt

As experiências de criação em Sktechup foram surpreendentes. Ao fim de três aulas a mexer em 3D notou-se que a generalidade dos alunos adquiriu uma enorme flexibilidade no lidar com as aplicações e na habituação aos processos de trabalho. Notou-se nos resultados e na preocupação dos alunos em criar modelos complexos e realistas.

 

cbm

 

Uma introdução à modelação tipo mudbox foi feita com o CB Model Pro. Duas vertentes: exploração livre, que gerou resultados mistos; desafio de modelar um objecto específico, que obrigou os alunos a raciocionar para modelar a forma em 3D.

 

babel

Finalmente, antes do avanço para a criação de avatares humanoides, experimentar mundos virtuais em 3D. O gosto e entusiasmo das crianças pela exploração dos espaços virtuais é sempre assinalável, e foram os alunos que me obrigaram a marcar o avatar studio para a próxima aula. O que tem lógica: primeiro descobrem avatares, e depois sentem necessidade de os personalizar.

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Alguns resultados
3D_AEVP_2012

Dumping massivo de imagens representativas das várias fases de exploração de aplicações de modelação 3D. Em actualização constante.

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Entering Virtual Worlds

avs

Actividades paralelas: experimentar a interacção 3D e aprender a criar avatares. Coloco ênfase na animação. O interessante das experiências em mundos virtuais é que após interacções controladas por sugestão do professor, os alunos gostam de por si visitar espaços 3D quanto têm tempo livre.

gp

 

 

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Proposta de trabalho final de

Proposta de trabalho final de um aluno de oitavo ano: modelar um dinossauro. Um T-rex, perguntei. Não, stor, um raptor. São os meus favoritos, disse. Desafio para mim: encontrar uma forma simples de criar um dinossauro realista. Opções: box modeling em Blender, Wings3D, modelação no zModeler ou Vivaty, texturização com o UVMapper. Desafio: aprender e desenvolver técnicas de modelação para depois as poder ensinar ao aluno. Desafio... aceite. Algumas notas: texturizar no UVMapper classic é muito simples, e box modeling no Blender não é assim tão difícil mas dá trabalho (boa parte do qual é orientar-me no interface absurdo do programa). O rascunho do lagarto gigante é da responsabilidade do aluno que o propôs. A mais complexa construção digital começa sempre por rabiscos no papel que ajudam a definir formas e facilitam o trabalho posterior.

Janeiro será um mês interessante. Os alunos vão criar os seus projectos multimédia em 3D. Antevejo muita casa detalhada no Sketchup, programa favorito da maior parte deles. Antevejo experiências de mundos virtuais em VRML criados no Minecraft. E vai ser o mês onde ponho, finalmente, o projecto de realidade aumentada a andar. Até lá, resta-me estudar bem estas questões de modelação. Desafios são sempre bem vindos.

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Trabalhos de final do 1º semestre de TIC (I)


Modelação de um velociraptor no Vivaty Studio





Mapa do Minecraft na conversão para VRML.




Avatar criado no Avatar Studio.



Outros trabalhos de final de semestre: modelação avançada em 3D, mundos virtuais que requerem a mesclagem de conteúdo 3D criado em diversas aplicações.


O Bryce é outro dos programas que os alunos estão a utilizar. Não muitos, a preferência vai claramente para o Sketchup e o Minecraft. Os trabalhos possíveis são imagens realistas ou animações.


 

O Minecraft é um jogo muito popular entre os alunos que possibilita a criação de espaços tridimensionais complexos. Sendo possível aproveitar construções do jogo para mundos virtuais em VRML, abri  a possibilidade de criarem o seu trabalho final no jogo, posteriormente convertido através do Mineways. O entusiasmo é enorme e os resultados preliminares surpreendentes. Os mineworlds fascinam.


Fases intermédias dos trabalhos de final de semestre dos alunos de 7.º e 8.º ano. O Sketchup foi uma das aplicações mais populares entre os alunos e não me surpreendeu que muitos o tenham escolhido para o seu trabalho final. Poderiam criar livremente, ou tentar recriar um edifício real... e tenho grupos de alunos às voltas com as intricacias do Taj Mahal, o falso gótico do Big Ben ou a Torre de Belém. Os trabalhos ainda vão a meio e os resultados preliminares prometem.
 
Podem ver mais exemplos dos trabalhos em criação pelos alunos no 3D Alpha ou na galeria do Sketchfab.
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Trabalhos de final do 1º semestre de TIC (II)

Na reta final dos trabalhos das turmas de 1º semestre. Os projectos começam a ganhar sua forma final, restando limar arestas e aperfeiçoar detalhes. Este trabalho no Sketchup de um grupo de alunos de 8.º ano mostra como uma ideia simples consegue dar bons resultados.
 

A modelação em 3D de um dinossauro é o projecto de trabalho tecnicamente mais ambicioso de todos os propostos pelos alunos. O essencial já está, falta agora começar a mexer nos vértices e arestas.
 

Criar mundos virtuais requer a integração de diferentes elementos criados em diversas aplicações. Neste exemplo, um avatar mostra-se em pose para um pequeno mundo virtual em construção.
 

Os mineworlds são uma forma interessante de misturar jogo e aprendizagem. Os alunos adoram a oportunidade de utilizar o seu jogo favorito para criar conteúdos para a aula. Acima, um projecto de um grupo de alunas visualizado no Mineways, conversor de Minecraft para VRML e OBJ.
 

Um mineworld em test render, para testar as opções de conversão. Trabalho de um aluno de 7.º ano.
 

 
Alguns alunos estão a experimentar formas simples de animação 3D. Aqui fica um test render de um trabalho criado por um aluno de 7.º ano. Alguns modelos 3D podem ser visualizados em tempo real na galeria Sketchfab.
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Modelos Sketchup

 

 

 

 

A processar os trabalhos de final de semestre das turmas de 7.º e 8.º  ano. Felizmente incentivei o trabalho em grupo, senão teria centenas para avaliar. As três imagens mostram trabalhos finais em Sketchup de grupos de alunos. Confesso uma pontinha especial de orgulho pelo modelo do Taj Mahal, criado por quatro alunas de sétimo ano. Note-se que se as imagens aparentam complexidade o processo de trabalho é mais simples. Basta divividir o objecto em partes e seleccionar os elementos a recriar em 3D. Depois resta o trabalho entediante de duplicar, colar, posicionar, agrupar, colar, posicionar... and so on and so forth. Aqui costumo dar uma ajudinha, porque as ferramentas de rotação, escalagem e posicionamento do Sketchup são um bocadinho chatas ao manipular. 

 

Alguns dos modelos, ainda em fase de finalização, podem ser vistos em 3D na galeria Sketchfab.

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Mineworlds
 
Usar o Minecraft para modelar em 3D: mundo minecraft visualizado em VRML... 
 

... e mapa original em conversão no Mineways.
 

Mundo Minecraft pista de corrida (adoro o pormenor do sorriso pixelizado).
 

Casas, barco e avião visto no Mineways...
 

... e exportação VRML.

Valeu a pena o paciente compasso de espera para receber estes trabalhos criados pelos alunos no jogo Minecraft. Estão deslumbrantes, particularmente o primeiro que ultrapassou as expectativas já elevadas que tinha sobre o aluno. Agora o próximo passo é utilizar o Vivaty Studio para adicionar iluminação, céu, pontos de vista e navegação para começar a mostrar as possibilidades do Minecraft enquanto programa de modelação 3D. Com este trabalho conseguiu-se captar os alunos aproveitando a modelação 3D lúdica que fazem enquanto jogam aquele que é o jogo digital mais popular do momento. E os alunos que irão ter TIC no segundo semestre já me vêem contar os planos que estão a fazer para os seus futuros mundos minecraft. Para visualizar em 3D visitem a galeria Sketchfab.

fabiapimentel
Inspirador!

 

Dear Arthur,
It is amazing to see the results that you and your students have achieved, especially before all the initial difficulties reported (few classes per week, insufficient machinery ...). Very creative work, contextualized and reflect the enthusiasm of students with learning fun and enjoyable. Really inspiring his work. Congratulations!
 
Prezado Artur,
É impressionante ver o resultado que você e seus alunos alcançaram, sobretudo diante de todas as dificuldades iniciais relatadas (poucas aulas por semana, maquinário insuficiente...). Muito criativos os trabalhos, contextualizados e refletem o entusiasmo dos alunos com a aprendizagem lúdica e prazerosa. Realmente inspirador o seu trabalho. Parabéns!